quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Emburrecidos pela internet.

                                                      
 
         Em 2008,Nicholas Carr assinou, na Revista The Atlantic, o polêmico artigo "Estará o Google nos tornando estúpidos?" O texto ganhou a capa da revista e, desde de sua publicação,encontra-se entre os mais lidos de seu website. O autor nos brinda agora com The Shalows: What the internet is doing with ours brains, um livro instrutivo e provocativo.
          Novas tecnologias costumam provocar incerteza e medo. As reações mais estridentes nem sempre têm fundamentos científicos.Curiosamente, no caso da internet, os verdadeiros fundamentos científicos deveriam,sim, provocar reações muito estridentes.Carr mergulha em dezenas de estudos científicos sobre o fundamento do cérebro humano.Conclui que a internet está provocando danos em partes do cérebro que constituem a base do que entendemos como inteligência, além de nos tornar menos sensíveis a sentimentos como compaixão e piedade.
      O frenesi hipertextual da internet, com os seus múltiplos e incessantes estímulos, adestra a nossa habilidade de tomar pequenas decisões. Saltamos textos e imagens, traçando um caminho errático pelas páginas eletrônicas.No entanto, esse ganho se dá a custa da perda da capacidade de alimentar nossa memória de longa duração e estabelecer raciocínios mais sofisticados. Carr menciona a dificuldade que muitos de nós, depois de anos de exposição à internet, agora experimentam diante de textos mais longos e elaborados: as sensações de impaciência e sonolência, com base em estudos científicos sobre o impacto da internet no cérebro humano.Segundo o autor, quando navegamos na rede,"entramos em um ambiente que promove uma leitura apressada, rasa e distraída, e um aprendizado superficial".
         A internet converteu-se em uma ferramenta poderosa para a transformação de nosso cérebro , quanto mais a utilizamos, estimulados pela carga gigantesca de informações, imersos no mundo virtual, mais nossas mentes são afetadas.E não se trata apenas de pequenas alterações, mas de mudanças substanciais físicas e funcionais. Essa dispersão da atenção vem a custa da capacidade de concentração e de reflexão.

Thomaz Wood Jr. Carta Capital, 27 de Outubro de 2010,p.72

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